2008-11-30 REPORTAGEM NO ACADEMIA DE TALENTOS  01/12/2008 
21:33 
A manhã estava muito fria e a chuva ameaçava fazer parte do espectáculo. Mas, para bem deste, só no intervalo e nos primeiros minutos da segunda parte se fez sentir, sendo que durante os primeiros 40 minutos o sol ainda visitou o campo número 3 do complexo desportivo de Odivelas. Provavelmente por causa das condições climatéricas o público não encheu as bancadas, sendo que apenas cerca de 70 pessoas assistiram ao encontro entre segundo e terceiro classificados da série C do Campeonato Nacional de Juvenis.

O Odivelas, vindo de um empate a zero com o Real alinhou numa táctica altamente híbrida, com a intenção de colocar muitos homens no meio campo e dificultar a circulação de bola do adversário. Colocava-se num 4-1-4-1, que facilmente se traduzia num 4-2-3-1 ou num 4-5-1 com o meio campo em linha, conforme as necessidades do jogo. A defesa era composta por Paulo Alves, Lemos, Jorge e Rui, que estavam colocados em linha e relativamente subidos, para se aproximar do sector intermediário. Francisco, Bassang, Manú, Veloso e Luís Mota eram a chave da táctica. Os dois primeiros alinhavam no centro do terreno e, quando necessário, formavam um duplo pivot defensivo. Os restantes subiam ligeiramente nos momentos ofensivos, formando um trio muito móvel, com a tarefa de fazer a bola chegar a Ema.

O Benfica alinhou no seu 4-3-3 clássico. Os dois centrais foram Vinícius Silva e Bakar. André Dias e Tiago Ribeiro eram os laterais, com funções muito ofensivas. Edson Silva, habitualmente central, jogou como trinco, com José Graça e Rúben Pinto a acompanhá-lo no meio campo. Sempre que necessário, o número 10 encarnado apoiava os dois extremos, para poder conseguir uma superioridade numérica nessas zonas do terreno. José Graça, muito por causa do trabalho adversário, viu-se mais limitado a tarefas defensivas, apoiando Edson. Sancidino Silva e Tiago Romeira jogaram colados as linhas, com Paul Keita a ser a referência atacante.

Complicado, disputado e equilibrado

Nos primeiros minutos do encontro, o Benfica foi surpreendido pela táctica montada por Mário Fonseca. De facto, só mesmo aos 9 minutos é que os encarnados conseguiram ultrapassar o meio campo com a bola controlada. Até lá, o jogo esteve equilibrado e muito disputado no centro do terreno. O Odivelas colocava mais homens nessa zona e conseguiu um ligeiro ascendente nos instantes iniciais. Por diversas vezes, Luís Mota tentou colocar o esférico nas costas da defesa do Benfica, criando grande tensão nesse sector da equipa adversária. E o primeiro sinal de perigo surgiu do capitão da equipa da casa, após ter ganho uma bola no centro do terreno. Manú tentou então surpreender Bruno Barros com um chapéu de 30 metros, mas o guarda-redes estava atento e conseguiu chegar a bola tranquilamente.

Por fim, aos nove minutos de jogo, o Benfica conseguiu o seu primeiro remate, após um lançamento longo. A bola foi para Sancidino Silva que amorteceu de peito para Paul Keita que aplicou um forte remate a meia altura. O esférico acabou por sair ligeiramente desviado do alvo. E a única maneira que nos primeiros 15 minutos o Benfica conseguia aliviar a pressão da equipa da casa foi mesmo com lançamentos longos para Keita que, com o seu poderio físico, lutava com os centrais contrários.

Apesar da superioridade do Odivelas, a primeira situação de verdadeiro perigo foi mesmo para os visitantes. Na sequência de um canto batido na direita do ataque do Benfica, um defesa tentou cortar o lance. Mas acertou mal na bola que ressaltou para trás e embateu no poste da sua baliza.

Mas as dificuldades para o Benfica continuaram. Para tentar inverter a situação, Sancidino e Tiago Romeira várias vezes trocaram de lado. Rúben Pinto também, assumindo a posição de 10, número que tem nas costas, recuou várias vezes para tentar pegar no jogo e transportar o esférico para o ataque. Mas aos 18 minutos, as bancadas ainda gritaram golo para o Odivelas, após uma grande jogada de envolvimento na esquerda do seu ataque. Luís Mota acaba por assistir Manú que remata fortíssimo para uma grande defesa do número 1 encarnado.

E, ligeiramente contra a corrente de jogo, o Benfica acabou por chegar à vantagem, aos 27 minutos. Num lançamento lateral, a bola chegou a André Dias que centrou tenso e largo para a área, onde surgiu Tiago Romeira, em velocidade, a cabecear para o fundo das redes.

A equipa da casa tentou reagir e voltou a assumir as rédeas da partida e, aos 34 minutos, quase conseguiu o empate. Vinícius Silva falhou uma intercepção de um passe e a bola acabou por chegar a Manú que, já dentro da área, entregou de primeira para Veloso. Desmarcado, este partiu em direcção da baliza. Bruno Barros saiu rapidamente dos postes e, quando o número 9 do Odivelas rematou, o keeper estirou-se em dificuldade, conseguindo chegar a bola e travando o seu trajecto em direcção das redes.

Como se resolve um jogo difícil

O reinício do jogo trouxe um Odivelas com uma vontade redobrada de ir à procura do prejuízo e causar grandes dificuldades aos visitantes. Mas nesta fase, o clube da luz mostrou muita maturidade e nunca se desorganizou, notando-se uma grande entreajuda e apoio entre os vários elementos.

E voltaram a ser os jogadores da casa a chegar primeiro à baliza adversária. Após um canto marcado por Rúben Pinto, João segurou imediatamente a bola e pontapeou-a, lançando rapidamente o ataque. Fábio Carvalho, que entrou para a posição de lateral-direito, substituindo Tiago Ribeiro que saiu lesionado, realizou um corte incompleto. O esférico sobrou para Ema que conseguiu partir para a baliza e rematou ligeiramente ao lado da baliza do Benfica.

A equipa da casa estava decidida a não oferecer a vitória ao adversário e foi-se balanceando para o ataque, aproveitando o Benfica para realizar contra-ataques rápidos. Num dos ataques do Odivelas, à passagem do minuto 54, a defensiva encarnada aliviou a bola para muito longe. Diogo Caramelo sprintou para conseguir chegar à bola, que parecia destinada a sair pela linha lateral e conseguiu alcançá-la. Entregou então para Rúben Pinto, que tirou dois adversários do caminho e, já quase sem ângulo, rematou em jeito, para as mãos do guardião Odivelense.

Aos 65 minutos, o Benfica conseguiu chegar à vantagem com um grande golo de Fábio Carvalho. Rúben Pinto insistiu na esquerda do ataque, tentando recuperar a bola e pressionar os defesas adversários. Ganhou o lance e centrou largo para Carlos Castro, que amorteceu a bola para Fábio Carvalho que veio de trás e rematou muito forte, de primeira, ao ângulo superior esquerdo da baliza do Odivelas, fazendo o 0-2.

Dois minutos depois, os encarnados conseguiram matar o jogo com o 0-3. Na sequência de um canto, batido por Rúben Pinto para o segundo poste, Diogo Caramelo surgiu sozinho, sem qualquer oposição, e cabeceou para fundo das redes.

O Odivelas sentiu demasiado o golpe e os seus jogadores perderam intensidade e garra, tendo também caído fisicamente. O Benfica conseguiu então gerir a partida a seu bel-prazer. E por diversas vezes poderia ter ampliado a vantagem. Na sequência de um livre directo a castigar falta sobre Sancidino Silva, Carlos Castro bateu forte, permitindo um grande voo de João. Mas, dois minutos depois da hora, Diogo Caramelo selou o resultado final, com um remate forte e colocado, ao ângulo superior direito da baliza, fazendo o 0-4.

O Odivelas, terceiro classificado do grupo, deu uma bela réplica ao Benfica, segundo classificado, até aos 60 minutos, altura em que os encarnados conseguiram uma superioridade óbvia. Devido à maior experiência e qualidade individual do clube da luz, a vitória é indiscutível, embora os números sejam algo pesados para todas as dificuldades que o Odivelas colocou ao Benfica.

Competição: Campeonato Nacional Juvenis - 1ª Fase - Série C - 10ª jornada.
Jogo: Odivelas Futebol Clube 0 - 4 Sport Lisboa e Benfica.
Hora: 11:00.
Local: Campo 3 Complexo Desportivo de Odivelas.

ODIVELAS FUTEBOL CLUBE: 1-João; 2-Paulo Alves, 3-Lemos, 4-Jorge e 5-Rui; 6-Francisco, 7-Bassang, 8-(Capitão) Manú (17-Mauro 40'), 9-Veloso e 10-Luís Mota (16-Danore 53') e 11-Ema (19-Mbemba 53').
Suplentes não utilizados: 12-Ricardo, 13-Amorim, 14-Tiago António e 18-Pedro.
Treinador: Mário Fonseca.

SPORT LISBOA BENFICA: 1-Bruno Barros; 2-Tiago Ribeiro (14-Fábio Carvalho 48'), 3-Bakar, 4-Vinícius Silva e 5-André Dias; 6-Edson Silva, 8-José Graça (15-Carlos Castro 58') e 10-(Capitão) Rúben Pinto; 7-Sancidino Silva, 11-Tiago Romeira e 9-Paul Keita (18-Diogo Caramelo 51').
Suplentes não utilizados: 12-Fábio Reis, 13-Luís Martins, 16-Diogo Coelho e 17-Ricardo Argente.
Treinador: João Couto.

Disciplina: Nada a assinalar.
Golos: 0-1, por Tiago Romeira (27'); 0-2, por Fábio Carvalho (65'); 0-3, por Diogo Caramelo (67'); 1-3, por Diogo Caramelo (80+2').
Melhor em campo: Rúben Pinto.

Análise individual (Sport Lisboa e Benfica):

1-Bruno Barros - Grande exibição impedindo, por diversas vezes, o golo do Odivelas. Muito corajoso a sair dos postes, quer seja aos pés dos adversários.

2-Tiago Ribeiro - Teve muito trabalho e saiu-se quase sempre bem.

14-Fábio Carvalho - Marcou um grande golo. Entrou para uma posição que não é a sua, só falhou um corte que levou perigo para a baliza da sua equipa mas depois acertou e não mais teve problemas.

3-Bakar - É um jogador discreto pela positiva. Não se dá por ele mas, quando é preciso está lá e resolve a situação. E sempre com grande correcção.

4-Vinícius Silva - Ao contrário do que é seu costume, hoje revelou-se algo nervoso e cometeu bastantes erros.

5-André Dias - Realizou uma bela exibição. Teve pela frente Luís Mota que lhe deu muito trabalho e travaram o melhor duelo da partida. Não comprometeu.

6-Edson Silva - Mostrou que pode ser alternativa para a posição de trinco, mostrando grandes recursos técnicos e tácticos.

8-José Graça - Algo apagado, mas viu-se sempre rodeado por diversos adversários, que pisavam os mesmos terrenos que ele e teve sempre muito trabalho.

15-Carlos Castro - Entrou bem no jogo mostrando que é alternativa para a equipa titular. Ia marcando, na sequência de um livre, quase no final da partida.

10-Rúben Pinto - Excelente exibição do número 10. Sendo um jogador virtuoso, mostrou que é muito inteligente tacticamente e que sabe ler as diversas fases de um jogo. Hoje, teve que trabalhar mais pela equipa em vez de apenas construir jogo e fê-lo muito bem.

7-Sancidino Silva - Rápido como sempre, foi dos que mais atacou e lutou contra as dificuldades que a equipa teve. Não esteve particularmente inspirado no um-contra-um.

11-Tiago Romeira - Marcou o primeiro golo da partida contra a corrente do jogo. De resto, esteve sempre muito bem coberto pelos adversários.

9-Paul Keita - É muito forte fisicamente e lutou bem contra os centrais do Odivelas mas demonstra algumas limitações para aquela posição.

18-Diogo Caramelo - Mais uma vez, entrou e marcou dois golos. Grande sentido de baliza, tendo o mérito de matar definitivamente o jogo.


André Dias (jogador do Benfica): "O jogo custou um bocado de início porque nestes campos mais pequenos as equipas da casa têm vantagens e fecham-se melhor, obrigando-nos a correr mais. Mas na segunda parte notou-se a diferença, fomos mais fortes e conseguimos mais golos. Este grupo era quase toda nova e ninguém se conhecia. Não havia mecânica de jogo. Mas o mister está a ajudar muito e estamos a fazer um bom trabalho. Agora estamos mais fortes."


Mauro Carvalho (jogador do Odivelas): "Na primeira parte conseguimos equilibrar o jogo mas na segunda começaram a faltar as forças e aí o Benfica conseguiu ser superior. Cometemos alguns erros e estivemos desconcentrados, o que não pode acontecer contra o Benfica. O nosso objectivo é a segunda fase e o grupo está muito forte. Deveremos consegui-lo sem grandes problemas."

Reportagem Publicada no site academia-de-talentos.com
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