2008-08-23 ENTREVISTA DE RUBEN PINTO AO JORNAL ACADEMIA DE TALENTOS  07/10/2008 
18:27 
Às vezes, há entrevistados assim. O jovem com quem falamos esta semana revela uma maturidade muito superior aos poucos anos de vida que ainda leva, bem como uma humildade impressionante e desarmante. Emocionado ao falar do amigo José Graça, indignado com a falta de oportunidades dadas aos jovens ou humilde quando se fala dele como valor de futuro: eis Ruben Pinto, capitão dos Juvenis A do Benfica.



ADT: A que posições jogas?

RP: Jogo na posição de médio-centro, médio interior direito ou esquerdo. Também posso fazer as duas alas ou servir como médio defensivo.

ADT: Onde e como começou a tua carreira?

RP: Eu comecei por jogar futebol de cinco, futsal. Joguei dois anos, no clube do bairro onde vivo. Depois, aos oito anos, fui jogar para o Odivelas. Foi aí que comecei a jogar futebol-11.

ADT: Quantos anos estiveste no Odivelas, e como é que passaste para o Benfica?

RP: Estive três anos no Odivelas, e depois o Benfica chamou-me para fazer uns treinos de captação. Fiz dois treinos nos Pupilos do Exército, e no final do segundo reunimo-nos e perguntaram ao meu pai se eu queria assinar contrato com o Benfica.

ADT: Que idade tinhas?

RP: Tinha doze, treze anos.

ADT: Nessa altura, houve mais clubes interessados em ti?

RP: O presidente do Odivelas, quando me mostrou o papel das captações, disse que também tinham ligado do Sporting, só que não tinham mandado nada. E eu como também sou benfiquista desde que nasci, não liguei muito e escolhi logo ir para o Benfica.

ADT: Continuas a ter raízes no Odivelas, amigos...?

RP: Claro! O Odivelas há de ser sempre o clube que me lançou, e pelo qual tenho carinho. Sempre que tenho oportunidade, vou lá ver os jogos, e conheço as pessoas, os directores...são pessoas que quando saí me apoiaram, e acho que isso é muito importante para um jogador que sai para um clube grande.

ADT: Fizeste os escalões de Infantis, Iniciados e Juvenis B. Com que misters já trabalhaste?

RP: Trabalhei com o mister Bastos Lopes, com o mister Ricardo Dionísio e agora com o Prof. João Couto.

ADT: Qual deles te marcou mais?

RP: Aquele que mais me fez evoluir foi o treinador que eu tinha no Odivelas, José Carlos Mateus. Mas o que mais me marcou foi o mister Bastos Lopes. E o mister João Couto, também.

ADT: Porquê?

RP: Porque se calhar foram aqueles que me ajudaram mais a evoluir como pessoa e como jogador.

ADT: Que memórias guardas do mister Bastos Lopes?

RP: A primeira vez que estive com ele foi muito boa, porque me pôs à vontade perante o grupo. Aquele era praticamente um grupo novo, e ele começou logo por nos pôr à vontade. Depois é um treinador que, psicologicamente, trabalha muito connosco. Ele pôs-me logo o apelido de Pinto (risos), e brincava com todos nós. Foi uma época bastante boa, porque começámos logo a ganhar. Ganhar o primeiro torneio e logo ao Sporting foi importante para nós, unificámo-nos como equipa. A partir daí só tivemos vitórias.

ADT: Da equipa que iniciou contigo, quantos ainda restam?

RP: Cinco: o Ruben Nunes, o José Graça, o João Job, o Diogo Coelho e o Fábio Reis.

ADT: Qual é, neste momento, a situação com o José Graça?

RP: Ele está lesionado, com uma rotura no joelho. Lesionou-se num jogo com o Futebol Benfica. Dentro de um mês, penso que já vai regressar. Já trabalha com bola mas ainda não pode jogar, mas dentro de um mês, mês e meio, já vai treinar a sério. Para mim, ele é o meu melhor amigo! Eu tento falar com ele, porque sei que ele está a passar por uma fase difícil. Ele diz que está um bocado farto da rotina, é um pouco complicado. Eu tento dar apoio. Eu sei que ele vai tentar começar já como nós, mas talvez não consiga. Mas eu sei que ele vai voltar melhor do que aquilo que era!

ADT: Queres deixar alguma mensagem aos jogadores dispensados pelo Benfica dos quais foste colega?

RP: A mensagem que gostava de deixar é que, se eles estiveram no Benfica, é porque têm valor. E se eles tiverem de ser jogadores, eles irão ser. Não é só no Benfica que se pode ser jogador! Se calhar se ficassem cá, teriam mais oportunidades, mas têm de continuar a lutar e a acreditar neles próprios, porque têm grandes potencialidades.




Títulos

ADT: Que títulos conquistaste com o Benfica?

RP: Fui campeão nacional de Juvenis, campeão distrital de Infantis A na primeira época em que vim para aqui, e depois houve alguns torneios.

ADT: Nesta última época, na fase final, ninguém apontava o Benfica como favorito...

RP: Acho que ninguém esperava da nossa equipa aquilo que nós fomos. Penso que tínhamos jogadores de grande qualidade técnica, como o Saná, o Nélson Oliveira, o Diogo Figueiras, e não só. Mesmo o Abdel é um trinco com uma grande técnica, o Tiago Ribeiro, o Roderick Miranda...se calhar a defesa que veio do outro ano não era tão evoluída como a nossa actual dos sub17. Penso que olhavam para a nossa equipa de uma maneira diferente do que nós conseguíamos ser. Se calhar ninguém acreditava que nós conseguíssemos ser campeões. É engraçado, porque no início havia uns ‘grupos', mas nós próprios dentro do grupo conseguimos resolver. Juntámo-nos todos, o mister falou connosco - o mister foi muito importante, também, foi a pessoa mais importante para conseguirmos ser campeões nacionais - e foi passando por cima disso tudo que conseguimos ser campeões. Também foi importante termos feito dois jogos na fase final sem o Nélson Oliveira, porque aí conseguimos ver que não era só com o Nélson Oliveira que nós ganhávamos, mas também sem ele. Mas também não é tão fácil como se calhar seria.

ADT: Havia então uma "Nélsondependência"?

RP: Não havia uma "Nélsondependência", porque tínhamos o Saná, que também pode fazer o mesmo. Mas o Nélson Oliveira é sempre o Nélson Oliveira! Foi talvez dos jogadores mais importantes da nossa equipa, e é natural que notássemos um pouco a diferença do que era jogar com e sem ele.

ADT: Qual foi a importância do então capitão André Campos para resolver esses conflitos de que falaste?

RP: Foi um bom capitão, e vejo-o como um exemplo. É aquele jogador que, se vir que um jogador está mal, vai ele próprio falar com esse jogador. Ele tentou desde o princípio unir o nosso grupo, o que foi difícil, mas conseguiu. O nosso grupo não era unido, e passou a ser unido.

ADT: Já foste aos juniores, correcto? Quem foi que te comunicou que ias?

RP: Foi o mister Jaime Graça, um dia telefonou e disse que eu estava convocado para os juniores, que tinha de ir fazer um treino. Eu estava na escola e, de lá, fui ter com os juniores e joguei.

ADT: Como foste recebido pelo mister João Alves?

RP: Ele foi uma boa pessoa para mim, pôs-me logo à vontade dentro do grupo, falou comigo, perguntou-me a posição em que me sentia mais à vontade...

ADT: Dormiste bem antes do jogo?

RP: (risos) A ansiedade antes do jogo é normal, mas dormi bem, sim! (risos).

ADT: Falámos com vários dos teus colegas e, quando lhes perguntámos um nome para o futuro, todos eles disseram imediatamente ‘Ruben Pinto'. O que pensas disso?

RP: (risos) É um orgulho para mim! Não sei...(risos) É bom saber que os meus colegas vêem o valor que eu tenho e o apreciam. Isso é um motivo de orgulho. Estou sem palavras! (risos)

ADT: E já que tu não te podes referir a ti próprio, que nome apontas como tendo talento para vingar no futuro?

RP: O Tiago Ribeiro.

ADT: Como está, este ano, a equipa de Juvenis A do Benfica?

RP: Eu acho que nesta equipa conseguimos criar um grupo muito forte. A equipa está bem, somos um grupo unido, e acho que isso é o mais importante, o espírito de equipa.

ADT: O grupo foi reforçado, e já nos disseram também que é preciso criar mais laços entre vocês. Concordas com isso?

RP: Sim, mas isso depende da adaptação dos jogadores à nossa equipa e ao Benfica. Isto porque os jogadores que vêm para o Benfica têm que aprender a só ganhar. Não é que nos outros clubes não se ganhe, mas é diferente. O Benfica foi um clube criado para ganhar, e quando os que vieram se adaptarem à nossa área e pensarem que temos que remar todos para o mesmo lado, penso que isso será o mais importante?

ADT: É importante o papel do capitão nessa "assimilação" dos novos membros, a fim de os "puxar" para dentro do grupo?

RP: Sem dúvida. O Bakar [Mirtskhulava, central georgiano] foi se calhar o atleta que sentiu mais essa adaptação, porque é o único jogador que fala uma língua diferente e que não conhecia ninguém. Mas acho que o grupo o acolheu da melhor maneira, e hoje em dia é talvez dos melhores elementos do balneário.

ADT: Como capitão, que responsabilidades tens dentro do balneário?

RP: Primeiro, unir o grupo, que é o mais importante. Falar com eles de maneira a que todos entendam que o Benfica é maior que nós todos, e que todos temos que dar tudo pelo Benfica. Já falámos muito sobre o facto de, se calhar, nem todos irem ser jogadores, mas enquanto tivermos estas ambições, elas são para manter até ao fim.

ADT: Conta-nos uma situação mais complicada que tenhas tido que resolver como capitão.

RP: Houve uma pequena desavença no treino, mas não foi nada de especial. Eu juntei o grupo todo no balneário, falei com todos, e disse-lhes que - além de terem de me respeitar a mim e aos outros dois capitães que foram seleccionados - têm que respeitar acima de tudo o grupo. Esse foi se calhar, o maior pequeno problema, porque de resto tem sido tudo óptimo.

ADT: Que tipo de situação ‘une' definitivamente um grupo?

RP: Eu acho que aquilo que serve mesmo para unir um grupo é haver uma falha. Quando há uma falha é quando se junta toda a gente para falar sobre aquilo. E quando aquilo acaba, cumprimentam-se todos uns aos outros, e fica um grupo unido até ao fim.

ADT: Há quem diga que um plantel, para ser bom, tem de ter dois ou três atletas para cada posição. Nesse sentido, achas que o plantel do Benfica é bom, está curto, tem jogadores a mais, a menos...?

RP: O plantel é bom. Mas concerteza que vai haver reajustes nesta equipa, vão entrar e sair pessoas...Acho que é um grupo grande, mas é um bom grupo. Tem bons jogadores para muitas posições, e isso é bom, porque há competitividade. Em termos de trabalho, há competição para ter um lugar na equipa, e isso é bom.

ADT: O facto de terem muitos jogadores polivalentes, como tu, como o Edson Silva, o Luís Martins, também ajuda a tapar quaisquer "buracos" que haja...

RP: Sem dúvida, isso é muito importante, porque na falta de um jogador, temos sempre outro que pode fazer a posição.

ADT: Já vestiste a camisola número 10. É verdade que esse número "pesa"?

RP: É claro que pesa. Então pelo Benfica, a camisola 10 pesa muito. O ‘dez' moderno tem que se preocupar não só a atacar, mas também a defender, e penso que é o número dez que tenta fazer a equipa jogar.

ADT: Achas que as pessoas estão todas "de olho" no número dez por ele ter o número dez?

RP: Sem dúvida. Para já, eu aprecio muito o número dez. Também aprecio o número oito, mas quando vejo futebol, é ao número dez que estou mais atento, tento descobrir o que ele consegue fazer, ver as potencialidades dele. Acho que a maior parte das pessoas também é isso que fazem.

ADT: Então achas que um jogador com o 10 nas costas atrai a atenção, por causa do Zidane, Ronaldinho, etc...?

RP: Também, porque normalmente as camisolas dez são atribuídas aos grandes jogadores, e aos que são mais evoluídos tecnicamente. As pessoas esperam mais deles, porque são aqueles que têm que fazer a diferença. São quase como "obrigados" a isso.



Carreira internacional

ADT: Representaste a Selecção em que escalões?

RP: No de iniciados (sub-15) e no de Juvenis (sub-16).

ADT: Como iniciado, deves ter participado no Torneio Lopes da Silva...

RP: No meu ano de iniciado, não houve Lopes da Silva, foi outro torneio (NDR: "Torneio Manuel Quaresma"), que também se deu no Estádio do Jamor.

ADT: Chegaste a ser chamado para algum treino da Selecção Distrital de Lisboa?

RP: Sim, foi daí que saíram os jogadores escolhidos para a Selecção Nacional.

ADT: E como te correu esse torneio?

RP: Correu bem, ganhámos o torneio, batendo na final a Madeira por 1-0. Antes, tínhamos ganho ao Porto e empatado com a selecção de Coimbra.

ADT: Quem marcou o golo na final?

RP: Foi o Peter Caraballo.

ADT: Que memórias guardas do grupo que participou no Torneio Manuel Quaresma?

RP: Era um grupo forte, era mesmo um grupo muito forte. Dávamo-nos todos bem. Apesar de sermos de equipas diferentes sempre nos demos bem uns com os outros, até dentro de campo, quando as coisas estavam a correr mal, falávamos uns com os outros...era um grupo muito bom.

ADT: Quantas internacionalizações já tens?

RP: Penso que são 14.

Auto-avaliação

ADT: O que pensas de ti como jogador? Define-te...

RP: Penso que preciso de melhorar um pouco o jogo aéreo, é um dos factores em que tenho mais dificuldade. Os meus pontos mais fortes, creio serem o remate de meia distância, a qualidade de passe, a visão de jogo...e tecnicamente também sou um jogador forte.

ADT: És também um jogador muito raçudo...

RP: Foi assim que eu aprendi a jogar, vem de mim

ADT: Defines-te mais como um 8 ou um 10? Visto que fazes as duas posições...

RP: Sou um ‘dez' moderno, mais trabalhador que os tradicionais. O ano passado era diferente, porque tínhamos o Saná [Lassana Câmara], que é um ‘dez' puro. No fundo, primeiro temos que estudar o jogo, estudar os nossos colegas. Eu comecei por jogar algumas vezes a seis, tinha o Saná à frente, em 4-4-2, e eu preocupava-me mais em defender e em distribuir jogo, porque sabia que o Saná conseguia fazer o papel de número 10. Quando na fase final começámos a jogar em 4-3-3, eu comecei a jogar mais numa posição de ‘oito', porque sabia que tinha um jogador forte nas costas, o Abdel, e um jogador forte ofensivamente, que era o Saná. Se eu perdesse a bola, sabia que tinha um jogador forte atrás de mim que a podia recuperar, mas sabia que se eu recuperasse, tinha alguém para fazer o resto lá à frente. Um ‘oito' é um jogador que se limita mais a distribuir o jogo, e um número dez é mais aquele jogador que de um momento para o outro pode desequilibrar um jogo num lance, numa finta ou num passe curto. Acho que o Saná tinha mais essa capacidade.

ADT: Ao longo da época passada, fizeste mais posições...jogaste também a médio-ala..

RP: Sim, foi quando comecei a jogar a médio-ala.

ADT: Já estavas na pré-época do ano passado?

RP: Não, comecei com a equipa de Juvenis B, depois os A foram ao Torneio à Irlanda (NDR: "Milk Cup"), e quando chegaram, na primeira semana de jogos, o mister João Couto chamou-me para fazer os treinos com a equipa A. Eu fiz, entrei nesse jogo, e a partir daí fui sempre chamado. Fui sempre fazendo os treinos com a equipa A, mas de vez em quando fazia jogos com a equipa B. O primeiro jogo que fiz a titular foi na Marinha Grande, consegui um golo e uma assistência, e a partir daí o mister começou a apostar em mim.

ADT: Quantos golos fizeste a época passada?

RP: Oito.

Aposta na formação

ADT: Achas que em Portugal se aposta na formação?

RP: (hesita) Sim...talvez...Vai-se apostando na formação, mas anteriormente, os jogadores que vinham da formação e ficavam nos plantéis, ficavam por muito tempo. Agora, ficam pouco tempo e vão para fora. Mas aposta-se muito na formação.

ADT: Se isso te acontecesse a ti, quando chegasses a sénior, ficavas magoado?

RP: Ficaria triste, como é óbvio. Fiz a minha formação toda cá, e gostava de ter uma oportunidade para chegar aos seniores e mostrar-me. Mas se fosse emprestado, não ficaria magoado. Continuaria a fazer o meu trabalho, à espera que pudesse aparecer uma oportunidade.

ADT: No Benfica, há contacto entre os juniores e os seniores?

RP: Os seniores, quando nós passamos por eles, tentam ser as melhores pessoas, porque eles sabem que são um exemplo para nós. Então tentam pôr-nos à vontade com eles, às vezes até brincam connosco...

ADT: Então não são inatingíveis?

RP: Não, pelo menos no Benfica não vejo isso.

ADT: As camadas de formação, nos últimos anos, têm produzido sobretudo médios. Porque achas que isso se passa?

RP: Se calhar porque as equipas apostam cada vez mais em médios.

ADT: E achas que isso vai causar um excesso de médios no futuro?

RP: Talvez sim.

ADT: O que é que achas que ainda há a trabalhar a nível de formação?

RP: Para começar, acho que devia recomeçar a haver equipas ‘B', para os juniores quando chegam à época de seniores se poderem mostrar, e depois talvez terem uma oportunidade para se mostrar nos seniores de alta competição. Acho que as equipas ‘B' eram muito importantes. Agora também há a Liga Intercalar, mas não é a mesma coisa. Os juniores que passam para seniores quase nunca ficam nos plantéis ‘A'.

ADT: Além disso, dá ideia de que as pessoas não prestam muita atenção à Liga Intercalar, por não estarem lá os nomes grandes...

RP: Exactamente. Os jogadores que vão à Liga Intercalar são aqueles que jogam menos tempo, e depois chamam também alguns da formação. Para esses, é bom, porque é aí que se mostram. Mas é mau para os outros, que quase não jogam, porque se não se mostram nas equipas ‘A', na Liga Intercalar, que quase ninguém vê, também não se vão mostrar muito.



Estrangeiros

ADT: Há quem diga que a contratação de estrangeiros para as camadas jovens está a acabar com a formação, pois os de fora tiram lugar aos que já lá estão, e são às vezes jogadores de menor qualidade. Que pensas disto?

RP: Os estrangeiros que vêm são, sem dúvida, jogadores de grande qualidade, só que as equipas às vezes fazem mal em quererem jogadores para ganhar na formação, e depois não darem oportunidade aos estrangeiros de se mostrarem nas equipas ‘A'.

ADT: És a favor da regra que limita o número de estrangeiros nas equipas?

RP: Eu não sou a favor nem contra. Se jogam bem, têm que jogar. Se a própria Federação quer acabar com os estrangeiros, não sei porque é que apostam neles nas formações. Porque se limitam os jogadores nas equipas seniores, na formação também deveria ser assim. Não se vai criar expectativas na formação para, quando chegarem aos seniores, a maior parte se ir embora.

ADT: Achas que esta ‘moda' dos luso-brasileiros é prejudicial à Selecção, ou achas que não faz diferença?

RP: Eu acho que não faz diferença, porque quase todas as Selecções têm um jogador que veio de outro país e se naturalizou. Se é um jogador de qualidade, que vem dar força a uma selecção, eu não sou contra isso! Desde que ele sinta orgulho em representar o país, não vejo problema.

Ídolos

ADT: Quem são os teus ídolos?

RP: O meu principal ídolo é o meu pai! (risos) Mas um jogador que gosto de ver jogar é o Kaká.

ADT: E o Rui Costa, identificas-te com ele?

RP: Sim, o Rui Costa é um senhor! Para mim, ele é um exemplo para qualquer jogador. Dá tudo o que tem em campo, é um líder, é um ‘dez' que se esforça muito...o tal ‘dez' moderno de que eu falava. É um ‘dez' que, para mim, é diferente dos outros. Para mim, é um jogador à parte.

ADT: Já tiveste chance de o conhecer?

RP: Já lhe apertei a mão e...arrepia! (risos)

ADT: Como é que o teu pai te influenciou na tua carreira?

RP: É o meu ídolo, é o que mais me ajuda, o que mais fala comigo, o primeiro a criticar-me, e o que tem para dizer, diz-me logo. Isso ajudou-me a crescer como pessoa e como jogador. É um pai! (risos).

ADT: Tens algum jogador nos escalões superiores da formação do Benfica que gostes de ver jogar?

RP: No ano passado gostei muito do Saná, acho que é um jogador fora do normal. Mas também gosto muito do Leandro Pimenta.

ADT: E abaixo de ti, há alguém que admires?

RP: Sempre admirei um jogador que é o Bruno Gaspar. Sempre gostei da maneira de ele jogar, acho que tem raça, é bom tecnicamente...penso que esse é um dos jogadores abaixo de mim que prefiro. Por acaso nunca tive oportunidade de jogar ao lado dele, mas costumamos falar. Não é aquele "falar" de ficar meia hora a conversar, mas quando no Centro de Estágio, quando passamos um pelo outro, brincamos, etc. Mas gostava de ter essa oportunidade.

ADT: Quem é o treinador que mais admiras?

RP: Mourinho! (risos) Isso sem dúvida! Mas também gosto muito do Carlos Queirós.

ADT: Quem é o melhor do Mundo, o Messi ou o Ronaldo?

RP: Agora, como o Kaká está lesionado e não tem jogado (risos), acho que o melhor é o Ronaldo. É um jogador completo.

ADT: Já alguém te deu "conselhos"?

RP: Sim, o Saná foi um jogador muito importante, o ano passado, porque quando eu fazia alguma coisa, bem ou mal, ele nunca me apontava o dedo. Falava comigo e dizia que queria que eu fizesse melhor. E o André Campos, também.

ADT: Se a vida de futebolista não resultar, já tens algum ‘plano B'?

RP: Até agora, tenho conseguido fazer os estudos normalmente, com algumas dificuldades por causa do futebol, que cria sempre dificuldades...mas se tiver de optar pelo plano B, gostaria de fazer alguma coisa relacionada com o desporto, jornalista desportivo, treinador...mas relacionado com o futebol.

B.I. do Jogador

Nome: Ruben Rafael Melo Silva Pinto.
Data de Nascimento: 24/04/1992 (16 anos).
Altura: 1,80m.
Peso: 69kg.
Posição: Médio-centro/Médio-defensivo/Médio-ala.
Clube: Sport Lisboa e Benfica.

Entrevista realizada no dia 23 de Agosto de 2008, no Hotel Turismo, na Guarda.
Texto: Pedro Benoliel.
Imagens: Academia de Talentos.
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